Somos o Coletivo Anarcotecnológico Mar1sc0tron, um coletivo anarquista que está focado na difusão, promoção e construção de uma cultura de segurança para apoiar a transformação social. Temos trabalhado para a construção desta cultura desde 2015, através de treinamentos, oficinas e da difusão de informação.
Sintomas como: a vigilância de arrasto; o bloqueio de serviços de mensagens instantâneas durante revoltas e insurreições; o uso de redes sociais como peças-chave em guerras híbridas; homens controlando suas parceiras afetivas através de tecnologias de vigilância; filtros-bolha e algoritmos que incorporam valores racistas; cidades inteligentes e internet das coisas elevando a vigilância a um nível nunca antes visto; o aquecimento global e, acima de tudo, a crença cega na tecnologia para resolver todos esses problemas nos levam a acreditar que uma transformação no modo de pensar, agir e se comunicar é urgente.
Vemos a Cultura de Segurança como um dos mecanismos de modificação, uma ferramenta que potencializa coletivos e indivíduos organizados a atingir seus objetivos de transformação social. A cultura de segurança torna possível termos atenção ao contexto onde estamos trabalhando e a perceber nossas vulnerabilidades individuais e de grupo para podermos agir em direção a um objetivo transformador.
Como o Marisco, que com sua casca se protege das ameaças, mas se abre com a maré estando atento ao entorno, devemos nós mesm@s aprender a forjar a nossa casca, sem que com isso percamos a capacidade de nos comunicarmos. Por isto, andamos por aí com uma antena em nossas cabeças, buscando captar e transmitir boas vibrações e nos preparando para singrar os novos mares tenebrosos que se apresentam a nossa volta.
Enquanto coletivo, temos alguns princípios e objetivos gerais que direcionam a nossa ação e nosso tesão:
Temos como horizonte político uma sociedade anarquista, onde a autonomia, a livre associação, a cooperação e as relações diretas formem o senso comum e não a exceção. Para que isso aconteça desde já, estabelecemos um tripé orientador que guia nossas ações como coletivo: transformação social, tecnologia e cultura de segurança. Cada uma dessas áreas está dentro e influencia as outras, como mostra a figura abaixo.
– Transformação social: visamos uma sociedade diferente da atual. Promovemos valores como autonomia e cooperação. Para isso, oferecemos oficinas gratuitas, organizamos e publicamos materiais que ensinam a usar e também a pensar as tecnologias, sistematizamos nossos aprendizados sobre organização coletiva, auxiliamos movimentos sociais e coletivos a entenderem seus contextos e a analisarem seus riscos através de metodologias de segurança holística. A transformação que queremos começa agora.
– Tecnologia: visamos um outro desenvolvimento e uso de tecnologias. Valores chave aqui são descentralização, durabilidade e simplicidade. Para isso, estamos atentos às alternativas à internet-shopping e à internet-zoiúda, estudamos filosofia, criticamos a passividade e o comportamento de consumidor; promovemos o rompimento com a propriedade intelectual, praticamos a engenharia reversa e o “uso alternativo” dos softwares e estruturas energéticas e de comunicação, ou seja, fomentamos o tipo de cultura hacker que busca a transformação radical da sociedade presente.
– Cultura de segurança: visamos um ativismo que cuide de si para ser mais eficiente. Valores como atenção, comunicação e privacidade são essenciais. Aqui é preciso saber, enquanto coletivos e organizações, o que queremos, onde atuamos, qual nossa situação interna (em termos de coesão, cuidado e práticas), que riscos nossa atuação levanta para nós, quais são nossas vulnerabilidades e o que precisamos fortalecer. É imprescindível aprender a pedir ajuda. O objetivo da cultura de segurança é a ação!
Para alcançar nosso objetivo político, bolamos um plano estratégico chamado Segurança de Pé Descalço. Este plano é público e convidamos os coletivos de treinadores em segurança a modificá-lo e aderir a ele. De modo geral, pensamos em três escalas temporais (curto, médio e longo prazo) e dois atores (coletivos formadores e agentes multiplicadores). No curto prazo, coletivos formadores formam agentes multiplicadores no uso de medidas emergenciais de segurança e acompanham-nos no desenvolvimento de boas práticas para o contexto onde o agente já atua; no médio prazo, as boas práticas se consolidam e novos coletivos se formam; no longo prazo, o nível de segurança geral é elevado e novas tecnologias e infraestruturas são criadas. Em todas as etapas, nossos valores estarão sempre presentes para garantir nossa caminhada em direção à anarquia.
contato: org-mariscotron[a-na-bola]lists.riseup.net
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