Desenvolvedor e Defensor de Direitos Digitais é Preso no Equador

Ola Bini, um desenvolvedor de software livre e ativista pelos direitos digitais e a privacidade foi detido no Equador.

Sua detenção está sendo justificada pela policia pelo fato de ele “viajar muito e ler livros técnicos”, dentre esses livros, citam o fato de ele possuir o livro “Cyber Guerra” de Richard A. Clarke. Por outro lado, de acordo com um boletim emitido pelo Procurador-Geral , Ola teria sido detido para que fossem investigadas atividades ilegais relacionada ao Wikileaks.

A criminalização de pessoas que desenvolvem ferramentas para aumentar a privacidade e que se dedicam para proteger o direito a privacidade é algo muito preocupante. A privacidade é um direito básico de todo o ser humano.

Abaixo está a declaração do Centro de Autonomia Digital (original em Inglês e Espanhol), organização onde Bini atua como Diretor Técnico.

As pessoas que trabalham com software livre e privacidade não devem ser criminalizadas

Não há nada criminoso em querer privacidade.

Ola Bini, @olabini, uma reconhecida figura no âmbito do software livre mundial e defensor dos direitos digitais e a privacidade na Internet, foi detido no aeroporto de Quito, Equador às 15h20 de 11 de abril de 2019. Até onde se sabe não há acusações ou provas contra ele. Não foi permitido a seus advogados se reunirem com ele durante todo o dia de ontem. Às 18h00 anunciaram que o iriam mover para a Unidade de Flagrante da Promotoria no centro norte de Quito para colher testemunhos no âmbitode uma investigação da Promotoria provincial de Pichincha.

Bini, cidadão sueco residente em Equador  não fala fluentemente espanhol e requer um interprete para dar qualquer declaração. O prenderam ilegalmente, sem acusações conhecidas, sem comunicar às autoridades de seu país (Suécia) como estabelecem os protocolos internacionais.

Bini é o Diretor Técnico do Centro de Autonomia Digital e havia postado em sua conta no twitter que iria viajar ao Japão para um curso de artes marciais, uma viagem planejada há mais de um mês. Viu os comentários da ministra do Interior e tweetou: “María Paula Romo, a Ministra do Interior do Equador, esta manhã realizou uma coletiva de imprensa, onde foi alegado que hackers russos vivem no Equador e que uma pessoa próxima ao Wikileaks também vive no país.”

Bini tem sido um programador de software durante toda sua vida. Começou a programar com 8 anos e criou duas linguagens de programação. Tem sido um ativista de privacidade e software livre por muito tempo. Em 2010, a Computerworld na Suécia o nomeou como o 6º melhor desenvolvedor do país.

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Apps de Encontros: Vazando nossos dados íntimos e mediando nossas interações mais pessoais

Aplicativos de encontros vem crescendo de forma rápida e transformando como muitas pessoas se relacionam afetivamente. O Tinder, aplicativo lançado em 2012, é líder mundial e já em 2015 tinha 24 milhões de usuários cadastrados. Em número de usuários, o Brasil está na terceira colocação no ranking mundial. Concorrendo com o Tinder, existem muitos outros apps desenvolvidos para demografias específicas: Grindr com foco na comunidade gay masculina, Her e Wapa para a comunidade lésbica e Casualx, para quem busca sexo casual.

Alguns problemas são visíveis em cada um desses aplicativos. Como se tratam de softwares com fins lucrativos e de código fechado, não temos acesso ou controle sobre como seus algorítimos funcionam, nos classificam e o que fazem com nossos dados íntimos. Acabamos nos submetendo a divisões arbitrárias – como quem possui uma conta grátis e quem é usuário premium – e ampliamos a superficialidade de nossas relações, pondo uma tecnologia privada sob a qual não temos qualquer controle para mediar ainda mais uma de nossas interações com outros seres humanos.

Um novo artigo da Coding Rights, aponta que a forma como essas empresas manejam nossos dados não têm sido a mais ética, e viola até mesmo seus próprios termos de privacidade. Denúncias de vulnerabilidades, repasse de dados privados para outras empresas e vazamento de informações têm deixado usuárixs com ainda menos controle de sua privacidade e quais dados desejam compartilhar.

Leia o artigo completo aqui: https://chupadados.codingrights.org/suruba-de-dados/